quinta-feira, 29 de julho de 2010

O bar da estrada

Arranhou a porta que abriu com o vento, atravessou o salão e tocou-me no ombro.

Soprou as cortinas e saltou a janela.

Sombras gigantes dançam incessantes diante da frágil luz da vela.

Tremula e suplicante a pequena chama se contrai sob o açoite de respirações entrecortadas.

Porém nada se move... Nada se houve.

Meus convivas se calaram, não mais cantam nem se movem.

Tais como estátuas no cemitério, ídolos sem glória no infame altar da taberna.

Seus copos estão vazios, seus cinzeiros estão cheios e seus olhos estão secos.

Seus lábios balbuciam sem emitir som, nada dizem, nada declamam...

Não mais se contorcem em paixões febris, a loucura não mais cintila em seus olhos e o vinho não mais escorre da boca.

Pálidos e silenciosos encaramos uns aos outros a fim de encontrar olhares perdidos.

Extraindo do silêncio palavras esquecidas.

Lembranças insones obscurecem pensamentos e restos de sonhos tomam formas fantasmagóricas.

Assombrando corredores infestados de retratos.

Contando histórias de almas solitárias que aqui passaram e aqui me deixaram. . .


Alysson David Reis

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