terça-feira, 2 de junho de 2015

Eu sou...

Com ou sem minha permissão, irá acontecer, desejando ou não, o Rei Lagarto irá terminar sua obra. E assim, no final que se provou mais apropriado, eu mesmo me tornarei o tema do derradeiro poema. Eu sou o Rei Lagarto, mas o Rei não sou eu. Serei então despedaçado, espalhado e reorganizado em versos; nas páginas em branco que me restam. Eu o criei para que me destruísse, eu o compus para então ser decomposto entre seus dedos. Eu sou a vítima de minha própria obra. As mãos que esmagam minha garganta me pertencem; sou eu o culpado, o assassino, o violador, a doença... 
Sou eu a resposta para a pergunta que há tanto tempo já esqueci. O nome que me foi dado, me foi dado para ser apagado; o nome que escrevi, escrevi para me substituir. Eu sou a sombra que lidera a legião de pesadelos, que desabam feito pedras sobre minha cabeça insone.
Só estou aqui por que o descrevi; o melhor dentre os piores e senhor daqueles que não se curvam a ninguém. Eu sou o que compus, eu compus o que sou e compus para que fosse varrido da existência tudo o que já fui...
Eu sou o Rei Lagarto e no entanto o Rei não sou eu! Pois sou aquele que cria, para então existir...


Alysson David Reis 

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Sobre viver, sobre matar e sobre trepar... (ou a primeira vez dos puros)

Talvez eu me torne alguém,
Talvez eu torne alguém feliz, ou talvez...
Talvez eu mate alguém,
Talvez eu me mate antes de matar
Só para matar o tempo
Para encerrar as apostas,
Dos que acreditam em meus sonhos mais do que eu mesmo
Seria o fim da espera, a vida não é lugar pra esperar
Os bancos de espera estão à margem do que significa viver
Você tem que abrir caminho na vida como a faca abre caminho na carne
Você sangrou sua mãe ao nascer então você tem que sangra ao viver
Dói existir, dói como a primeira vez
A primeira vez que se abre os olhos, a primeira vez que se respira...

Ou a primeira vez que as entranhas vaginais se abrem para inúmeras possibilidades de vida
Você tem que buscar as entranhas,
Busque as entranhas de quem desejar até encontrar as entranhas da terra.
                                                                                  
                                                                                   Alysson David Reis