terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sobre lençóis e sangue

Meus olhos são o espelho do terror, anjos caem do céu e alimentam o fogo na terra.

Nuvens de fumaça tomam forma de cordeiros, de dentes pontudos e garras afiadas.

Levo minhas mãos contra o meu rosto e me escondo em meus sonhos

Encontro-me em seus olhos e deito-me em teus seios.

Teu pescoço nu exala perfume, teus lábios carnudos me sopram sussurros e suspiros delirantes; teus dedos percorrem tua pele de maneira impiedosamente sugestiva.

Perturbado, febril, trêmulo, terrivelmente tentado... Meus olhos se abrem;

Gritos de horror me arrastam para longe de meus delírios.

Uma poça de sangue cresce embaixo de mim,

eu irei afogá-los, eu irei queimá-los, eu irei abraçá-los.

Eu fecho os meus olhos e volto a fugir. Minhas mãos percorrem a escuridão, meus dedos se estendem e nada tocam além de lençóis suados. A luz entrou pela porta e sua sombra deslizou para fora; deixando para trás o silêncio que se despede em seu nome.

Pesadelos virão me despertar deste sonho, as sombras se deitarão sobre mim e me apagarão da face da terra.

Meus joelhos tocam o chão, feridas gotejam e a poça de sangue volta a crescer, como um lago vermelho brotando da terra.

Eu me inclino sobre estas águas, eu vejo sombras que desenham formas femininas, serpenteando sinuosas nas profundezas.

Lentamente eu me deito em seus lençóis vermelhos, mergulhando, morrendo, desaparecendo...

O silêncio absoluto apaga o mundo em minha mente, embaixo da superfície o céu desaparece, o inferno se apaga e tudo escurece.

Alysson David Reis

2 comentários:

  1. Ainda bem que tudo se apagou, me pareceu ser um sonho, ou um delirante desejo, ou algo real.Independente do que seja me levou a um lugar sombrio e triste. Agora me faça um favor me tire de lá?

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  2. Daí não sairá, até que abra a porta você mesmo.

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