quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Traga para mim este cálice

O álcool apagará tudo, a noite já é passada e o horror se foi. Não há nada para ser lembrado nem revivido. A tragédia matou os heróis e os mortos não provarão de sua própria glória. A minha ascensão é ladeira abaixo, refugiado na caverna úmida do amor, despedaçado pelo abraço alucinado das pernas da luxúria. Aguardo o som de uma canção pesada para me despertar do longo efeito de uma bebida forte; como os golpes que nos levam do torpor a vida, ou a bala que liberta o suicida. Apenas acenda as luzes e me chame pelo nome, antes que a noite acabe e não restem mais sonhos para viver. Esta manhã quebrei o espelho a fim de reduzir a pedaços o monstro que jamais me abandona, esbravejei e tentei machucar a todos; mas no fim, eu fui o único a sair ferido. A vida é uma longa queda, interrompida pelas mãos frias da morte antes mesmo de tocarmos o chão. As luzes se apagarão antes que você toque as mãos de sua amada, um punho cerrado encontrará sua cabeça, a brisa trará o incêndio e a vida terminará antes do dia.

Alysson David Reis

2 comentários:

  1. Eu entendi muito bem. Álcool, espelho quebrado. Arrependimento? Não sei apenas senti isso. Quer um conselho? Pare de beber meu amigo! rsrssr.
    Agora em contra partida o glamour com que escreves é exemplar, a profundidade de suas palavras são eficases. Puta que pariu!! Cada vez que leio algo seu, sou conduzido a um universo sombrio e medonho. Fico louco pra sai de lá.
    Ha! Depois vamos fazer uma vaquinha pro espelho novo. rsrsr

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  2. Na verdade o pior e o melhor de mim, os monstros lá fora não são piores que os monstros interiores, Miss M.

    Até a vista!

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