Um sinal de fumaça, um aranhão na porta, um espaço
comprimido entre as insignificâncias do tempo
O dia em que dentre tantos outros, os meus bolsos sentiram o
peso do nada
Em contraste ao peso dos escombros sobre meus ombros
E meus próprios ombros são escombros, sobre a morada do meu espírito
A poeira me cega os olhos e o calor dissolve o discernimento
O tremor da terra vem do rancor que pesa em meus passos
O vapor que se ergue do asfalto, é um afago para meus pensamentos
que pairam no ar
É a remanescência das poucas lágrimas que ainda sou capaz de
verter por aqueles que não conheci, mas
ajudei a enterrar
Nas densas camadas de indiferença
Das virtudes que pecam em sobrepujar as nuances de
humanidade ocultas entre os trapos da moda
O dia em que senti o gosto de areia nos lábios
O dia em que ouvi o clamor do sangue entre as unhas
O grito extenuado incapaz de atravessar a máscara
fossilizada que é a Verdade
A Verdade eleita para governar os desejos e punir os sonhos
Alysson David Reis
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