sábado, 27 de dezembro de 2014

Dia santo(Palavras do Lagarto)

Um sinal de fumaça, um aranhão na porta, um espaço comprimido entre as insignificâncias do tempo
O dia em que dentre tantos outros, os meus bolsos sentiram o peso do nada
Em contraste ao peso dos escombros sobre meus ombros
E meus próprios ombros são escombros, sobre a morada do meu espírito
A poeira me cega os olhos e o calor dissolve o discernimento
O tremor da terra vem do rancor que pesa em meus passos
O vapor que se ergue do asfalto, é um afago para meus pensamentos que pairam no ar
É a remanescência das poucas lágrimas que ainda sou capaz de verter  por aqueles que não conheci, mas ajudei a enterrar
Nas densas camadas de indiferença
Das virtudes que pecam em sobrepujar as nuances de humanidade ocultas entre os trapos da moda
O dia em que senti o gosto de areia nos lábios
O dia em que ouvi o clamor do sangue entre as unhas
O grito extenuado incapaz de atravessar a máscara fossilizada que é a Verdade
A Verdade eleita para governar os desejos e punir os sonhos
Alysson David Reis



Nenhum comentário:

Postar um comentário