segunda-feira, 16 de maio de 2011

Bailarinas mortas

O tempo é um animal indomável e um assassino cruel; não há heróis nem antagônicos que permaneçam de pé após a passagem prolongada e dolorosa da lâmina que esta presa a sua calda. As lágrimas fervem, arranhando meus olhos por dentro, como um cão implorando para sair. A vida tece a morte; e nesta sinfonia quem encena a tragédia é a platéia. Aplausos e flores, as cortinas descem, as bailarinas caem e o silêncio se pronuncia. Como um poeta, como um deus; anuncia a morte de tudo que permaneceu belo depois da queda. A queda do anjo é o nascimento do homem, a origem da arte, a nascente das lágrimas. Sobreviveremos ao sonho, mas morreremos antes mesmo que a canção termine. A lua ilumina os rostos pálidos que se aproximam famintos pela dor e sedentos pelas lágrimas. As cortinas descem, a penumbra se ergue e a luz se recolhe; como uma dama em chamas que se deita no escuro.

Alysson David Reis

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